Deus
Dizem que o homem moderno não acredita em Deus, mas será mesmo verdade? Talvez tenha realmente diminuído o número de pessoas que ora diariamente, porém, nos últimos anos, tem aumentado cada vez mais a quantidade de público que visita os templos por ocasião dos festejos do Ano Novo. Os jovens também vem comparecendo mais aos templos no Dia da Maioridade. Esse aumento de afluência a templos não significa apenas um hábito de confraternização. Existe no íntimo das pessoas um desejo de se apoiar em algo divino, superior. Todavia, muitas pessoas não acreditam que Deus, sendo invisível, possa socorrê-las em todas as ocasiões e, por isso, preferem consultar apenas um médico quando adoecem, em vez de principalmente recorrer a Deus. Isto é, essas pessoas não acreditam que o poder de Deus é absoluto, capaz de atender e satisfazer todos os desejos.
Crer em Deus é ter fé num Ser absoluto e perfeito, bem como acreditar que os seres criados por Ele são igualmente perfeitos.
- Então, por que tanta imperfeição no ser humano? Por que ele adoece, sofre e se angustia? - perguntam muitas pessoas.
Pensemos um pouco. Se Deus criou o mundo perfeito e harmonioso, certamente o mundo imperfeito que enxergamos ao nosso redor não é o "mundo de Deus". O homem que parece cheio de defeitos não é o "homem perfeito" criado por Deus. Isso significa que existem um outro mundo verdadeiro - o mundo de Deus - e outro homem verdadeiro - o homem-Deus.
O mundo que vemos ao nosso redor não é mundo verdadeiro. É um mundo transitório, da aparência, dos fenômenos. O homem fenomênico é o homem efêmero, da aparência, projeção do homem verdadeiro.
O homem-Deus é perfeito, mas o homem-fenômenico é imperfeito. O homem-fenomênico que vemos, ouvimos e tocamos não passa de imagem tridimensional do homem verdadeiro, tal qual a imagem bidimensional vista na tela de um televisor.
A projeção nem sempre é prefeita porque não é existência verdadeira. O homem-Deus é perfeito, mas a sua projeção pode ser imperfeita. É o que ocorre no televisor: a pessoa televisionada pode ser bela e perfeita, mas na tela sua imagem aparece distorcida e diminuída. Às vezes, a imagem se cobre de listras horizontais ou verticais, quando na verdade não existe ninguém com listras.
Assim, concluímos que o homem-Deus é sempre perfeito, mas o homem-fenomênico pode apresentar imperfeições. O homem-fenomênico morre um dia, mas o homem-Deus é eterno, imortal.
Até aqui creio que o leitor deve ter entendido perfeitamente as explicações. Mas poderá ter a seguinte dúvida: "Se Deus possui poder absoluto e infinita capacidade, por que não criou o homem-fenomênico também de maneira perfeita, tanto quanto o homem-Deus? Não poderia também ter criado o mundo perfeito, sem guerras, doenças e sofrimentos?"
Há um engano nesse raciocínio: atribuir a Deus a criação do homem-fenomênico e do mundo dos fenômenos. Deus não criou o fenômeno nem a imperfeição. Deus criou somente a perfeição! Por isso o mundo perfeito criado por Deus é chamado de mundo verdadeiro. Quando o mundo dos fenômenos aparentes torna-se perfeito, está projetado com fidelidade a imagem do mundo verdadeiro; e então desaparece o mundo dos fenômenos imperfeitos. Mas não existem dois mundos. Existe apenas o mundo criado por Deus, perfeito em todos os aspectos, em todas as áreas. O mundo da aparência ou do fenômeno visual não existe na verdade; apenas aparenta existir.
Um exemplo frequentemente citado é o da meia-lua. A lua permanece, evidentemente, inteira. Mas, às vezes, vemos apenas metade de sua imagem redonda ou um fio de lua. Mesmo assim, sabemos que isso é apenas aparência e que, na realidade, a lua verdadeira continua inteira e perfeita.
Essa experiência é o que se denomina de fenômeno, que não existe de verdade, pois não foi criado por Deus.
- Se não existe, por que aparenta existir? Por que a perfeição se torna invisível?
Isso acontece porque "ver" é limitar o objeto da visão. Para tocar, ouvir e ver é preciso limitar a dimensão daquilo que se deseja ver, ouvir ou tocar. E é preciso que o alvo esteja na parte externa do nosso corpo. Não é possível ver, ouvir e tocar a perfeição e a harmonia interiores, nem a força infinitamente grande e poderosa, porque, mesmo com todos os órgãos sensoriais em perfeito funcionamento, só conseguimos ver e ouvir o que está ao nosso redor. Não vemos ou ouvimos o mundo verdadeiro, e sim os fenômenos efêmeros.
- É, então, impossível de se ver a perfeição e a harmonia?
Ela pode ser vista com os olhos da mente. É o que chamamos de "despertar". Todos podem despertar para a perfeição divina com que foram criados. Aliás, muitos que estão lendo este livro já devem ter atingido esse "despertar". E quem ainda não o conseguiu, um dia chegará a esse estado, porque todos os homens acabam "despertando" para sua condição de filho de Deus.
Como se consegue atingir o "despertar"? Exercitando a mente através da meditação. Transcendendo os cinco sentidos, contempla-se mentalmente o mundo absoluto, perfeito e harmonioso criado por Deus, bem como a perfeição das pessoas e dos objetos. É o que denominamos de Meditação Shinsokan. Praticando-a diariamente, consegue-se atingir o "despertar" espiritual.
- Mas para que fazer isso, se já sou perfeito? - alguém poderá perguntar.
Realmente, o homem-Deus já se acha "desperto" desde o início. É por isso que repetimos inúmeras vezes: o homem-Deus já é perfeito e harmonioso; não há necessidade de lhe acrescentar mais nada. Porém, o homem-fenomênico aparenta ainda não ter atingido o "despertar". Ele se queixa ao fazer a Meditação Shinsokan, tem preguiça de praticá-la, não consegue se manter em postura de oração por muito tempo e, assim, encobre o homem verdadeiro que é filho de Deus, perfeito e harmonioso.
"Se na essência sou perfeito, gostaria de expressar essa perfeição", você pensa, desejando sinceramente ser perfeito inclusive na aparência externa. Porque é na exteriorização que encontramos satisfação interna. E exteriorizar o que há em seu íntimo é um ato que só você pode realizar. Você não pode pedir a outro ser que exteriorize a perfeição que existe dentro de você. Mesmo que o outro seja Deus.
- Por que Deus não manifesta minha perfeição interior? - poderá você perguntar.
Porque, nesse caso, a alegria não será sua. Além disso, ao fazer tal pergunta, você está considerando Deus como um Ser separado de você, alheio a você. E tal Deus não existe. Porque, na realidade, você, eu, todos nós somos o próprio Deus.
Deus está, pois, dentro de você. Melhor dizendo, você é que é Deus e detém um poder infinito e total. Essa é a sua Essência. Você tem obrigação de expressar essa sua natureza verdadeira, exteriorizando o ser maravilhoso e perfeito que você é.
A satisfação profunda e a alegria sem fim brotam quando o ser humano consegue expressar no dia-a-dia a sua extraordinária natureza de perfeição e harmonia.
Do livro Cresça Vigorosamente - Seicho Taniguchi
Crer em Deus é ter fé num Ser absoluto e perfeito, bem como acreditar que os seres criados por Ele são igualmente perfeitos.
- Então, por que tanta imperfeição no ser humano? Por que ele adoece, sofre e se angustia? - perguntam muitas pessoas.
Pensemos um pouco. Se Deus criou o mundo perfeito e harmonioso, certamente o mundo imperfeito que enxergamos ao nosso redor não é o "mundo de Deus". O homem que parece cheio de defeitos não é o "homem perfeito" criado por Deus. Isso significa que existem um outro mundo verdadeiro - o mundo de Deus - e outro homem verdadeiro - o homem-Deus.
O mundo que vemos ao nosso redor não é mundo verdadeiro. É um mundo transitório, da aparência, dos fenômenos. O homem fenomênico é o homem efêmero, da aparência, projeção do homem verdadeiro.
O homem-Deus é perfeito, mas o homem-fenômenico é imperfeito. O homem-fenomênico que vemos, ouvimos e tocamos não passa de imagem tridimensional do homem verdadeiro, tal qual a imagem bidimensional vista na tela de um televisor.
A projeção nem sempre é prefeita porque não é existência verdadeira. O homem-Deus é perfeito, mas a sua projeção pode ser imperfeita. É o que ocorre no televisor: a pessoa televisionada pode ser bela e perfeita, mas na tela sua imagem aparece distorcida e diminuída. Às vezes, a imagem se cobre de listras horizontais ou verticais, quando na verdade não existe ninguém com listras.
Assim, concluímos que o homem-Deus é sempre perfeito, mas o homem-fenomênico pode apresentar imperfeições. O homem-fenomênico morre um dia, mas o homem-Deus é eterno, imortal.
Até aqui creio que o leitor deve ter entendido perfeitamente as explicações. Mas poderá ter a seguinte dúvida: "Se Deus possui poder absoluto e infinita capacidade, por que não criou o homem-fenomênico também de maneira perfeita, tanto quanto o homem-Deus? Não poderia também ter criado o mundo perfeito, sem guerras, doenças e sofrimentos?"
Há um engano nesse raciocínio: atribuir a Deus a criação do homem-fenomênico e do mundo dos fenômenos. Deus não criou o fenômeno nem a imperfeição. Deus criou somente a perfeição! Por isso o mundo perfeito criado por Deus é chamado de mundo verdadeiro. Quando o mundo dos fenômenos aparentes torna-se perfeito, está projetado com fidelidade a imagem do mundo verdadeiro; e então desaparece o mundo dos fenômenos imperfeitos. Mas não existem dois mundos. Existe apenas o mundo criado por Deus, perfeito em todos os aspectos, em todas as áreas. O mundo da aparência ou do fenômeno visual não existe na verdade; apenas aparenta existir.
Um exemplo frequentemente citado é o da meia-lua. A lua permanece, evidentemente, inteira. Mas, às vezes, vemos apenas metade de sua imagem redonda ou um fio de lua. Mesmo assim, sabemos que isso é apenas aparência e que, na realidade, a lua verdadeira continua inteira e perfeita.
Essa experiência é o que se denomina de fenômeno, que não existe de verdade, pois não foi criado por Deus.
- Se não existe, por que aparenta existir? Por que a perfeição se torna invisível?
Isso acontece porque "ver" é limitar o objeto da visão. Para tocar, ouvir e ver é preciso limitar a dimensão daquilo que se deseja ver, ouvir ou tocar. E é preciso que o alvo esteja na parte externa do nosso corpo. Não é possível ver, ouvir e tocar a perfeição e a harmonia interiores, nem a força infinitamente grande e poderosa, porque, mesmo com todos os órgãos sensoriais em perfeito funcionamento, só conseguimos ver e ouvir o que está ao nosso redor. Não vemos ou ouvimos o mundo verdadeiro, e sim os fenômenos efêmeros.
- É, então, impossível de se ver a perfeição e a harmonia?
Ela pode ser vista com os olhos da mente. É o que chamamos de "despertar". Todos podem despertar para a perfeição divina com que foram criados. Aliás, muitos que estão lendo este livro já devem ter atingido esse "despertar". E quem ainda não o conseguiu, um dia chegará a esse estado, porque todos os homens acabam "despertando" para sua condição de filho de Deus.
Como se consegue atingir o "despertar"? Exercitando a mente através da meditação. Transcendendo os cinco sentidos, contempla-se mentalmente o mundo absoluto, perfeito e harmonioso criado por Deus, bem como a perfeição das pessoas e dos objetos. É o que denominamos de Meditação Shinsokan. Praticando-a diariamente, consegue-se atingir o "despertar" espiritual.
- Mas para que fazer isso, se já sou perfeito? - alguém poderá perguntar.
Realmente, o homem-Deus já se acha "desperto" desde o início. É por isso que repetimos inúmeras vezes: o homem-Deus já é perfeito e harmonioso; não há necessidade de lhe acrescentar mais nada. Porém, o homem-fenomênico aparenta ainda não ter atingido o "despertar". Ele se queixa ao fazer a Meditação Shinsokan, tem preguiça de praticá-la, não consegue se manter em postura de oração por muito tempo e, assim, encobre o homem verdadeiro que é filho de Deus, perfeito e harmonioso.
"Se na essência sou perfeito, gostaria de expressar essa perfeição", você pensa, desejando sinceramente ser perfeito inclusive na aparência externa. Porque é na exteriorização que encontramos satisfação interna. E exteriorizar o que há em seu íntimo é um ato que só você pode realizar. Você não pode pedir a outro ser que exteriorize a perfeição que existe dentro de você. Mesmo que o outro seja Deus.
- Por que Deus não manifesta minha perfeição interior? - poderá você perguntar.
Porque, nesse caso, a alegria não será sua. Além disso, ao fazer tal pergunta, você está considerando Deus como um Ser separado de você, alheio a você. E tal Deus não existe. Porque, na realidade, você, eu, todos nós somos o próprio Deus.
Deus está, pois, dentro de você. Melhor dizendo, você é que é Deus e detém um poder infinito e total. Essa é a sua Essência. Você tem obrigação de expressar essa sua natureza verdadeira, exteriorizando o ser maravilhoso e perfeito que você é.
A satisfação profunda e a alegria sem fim brotam quando o ser humano consegue expressar no dia-a-dia a sua extraordinária natureza de perfeição e harmonia.
Do livro Cresça Vigorosamente - Seicho Taniguchi
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