Construção interior

     O que muitas vezes não percebemos, é que os muros que construímos para nos proteger das ameaças externas, são os mesmos que impedem que as coisas boas, os bons relacionamentos, as imprescindíveis experiências que alegram em um momento e ensinam em outro, possam nos alcançar, esses muros nos tornam prisioneiros, nos impedindo de apreciar o nascer e pôr do sol, o acontecer da vida em suas variadas formas e cores, eles podem até garantir a nossa segurança, mas ao preço da esterilidade, pois se não pudermos fazer uso, compartilhar e tornar acessível ao lado de fora o que produzimos do lado de dentro, nada disso faz sentido, é extremamente importante nos recolhermos em nosso interior, para as habituais reformas pessoais, a vida é um processo contínuo de tentativa e erro, de experimentação, um ilimitado laboratório de teste, onde colocamos em prática tudo que de melhor cultivamos em nosso interior, é nesse espaço externo que tudo que somos, tudo no que nos tornamos pode ser avaliado, por meio dos efeitos que produzimos em nossas experiências com as pessoas, é possível que estejamos produzindo mais lágrimas que sorrisos, afastando mais do que aproximando, isso não é motivo de desespero, mas um alerta de que precisamos avaliar nossas estruturas interiores, é possível que as flores de nossos campos interiores tenham morrido e estejam exalando mau cheiro, os cômodos destinados ao acolhimento das pessoas estejam sem condições adequadas, é nesse momento que sentimos a importância da interiorização, os reparos pessoais se tornam imprescindíveis, de modo que nosso mundo interior volte a ter condições para nossa própria habitação e consequentemente a permanência de outras pessoas, estendendo os benefícios do universo que existe em nós, para este que se estende para além de nós.

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ALEXANDRE CANDIDO SALAZAR - PARAPSICÓLOGO CLÍNICO