Talvez

     A vida se apresenta de muitas formas, coberta de muitas cores, construindo o grande espetáculo da existência, nenhum elemento que compõem essa obra se apresenta sozinho, nenhum existe isoladamente, estão todos interligados por uma teia de forma direta ou indireta, dando origem a todas as expressões da vida, fornecendo o que é necessário para que o espetáculo aconteça e também exigindo o mínimo de contrapartida, fazendo com que a existência continue em movimento e todos tenham sua parcela de contribuição, na continua construção do existir. A exemplo disso temos Deus garantindo o alimento a todos os pássaros, mas sem nunca jogá-lo no ninho, pois cabe a cada um buscar e alcançar por seu esforço e merecimento tudo que almeja e precisa, da mesma forma estamos nós diante de todas as possibilidade que o existir nos proporciona, sempre a uma distância exata de nossa determinação e disposição para correr riscos, o que vai contra a nossa natural busca por proteção, pois almejamos encontrar certezas e garantias que nos passem segurança e que tornem nossa caminhada a mais tranquila possível. O que muitas vezes não percebemos, é que esse movimento natural por segurança, quando não é bem dimensionado tende a nos acomodar, a nos prender em zonas de conforto, e assim somos impedidos de alcançar algo novo e melhor, temos nossa realidade limitada não por falta de capacidade e condições, mas pela escolha de se manter agarrado ao que se conhece e domina. Apesar do desconforto e do aparente incômodo que as dúvidas e as inseguranças podem provocar, não podemos fugir dessa realidade, pois fazem parte de nossa existência, são justamente elas que nos movem ao longo de nossa jornada, pois despertam nossa sede por resposta e assim somos levados a patamares nunca antes vistos, somos o fruto de nossas escolhas, assim como nossas escolhas são o fruto de quem somos, a vida é um processo interminável na direção do aperfeiçoamento do nosso "eu", sendo este parte inseparável do todo, que precisa ser admirado e respeitado em sua individualidade, mas principalmente como elemento importante e necessário, para a construção do belo e extraordinário mosaico da vida.

• Talvez

ALEXANDRE CANDIDO SALAZAR - PARAPSICÓLOGO CLÍNICO