A MISSÃO ORIGINÁRIA DA RELIGIÃO

Acredito que a missão originária da religião deva ser a de reconciliar os homens entre si. Mas, se as religiões, em vez de desempenharem a função reconciliadora, acabam fazendo com que os homens briguem entre si, é porque teimando num ensinamento e não conseguem ver a virtude de outros ensinamentos.

Porque acham que só suas próprias pregações são boas, insistem nelas, não conseguem ver a virtude das demais e vêem-se forçadas a brigar entre si. Dizem que a religião salva, mas o que significa 'salvar'?

Não é ser levado para um lugar onde há provisão material completa, chamada 'Céu', nem ser transportado para um ambiente repleto de belos ornamentos, chamado 'Paraíso'. É recuperar a 'liberdade infinita' inata ao homem. A 'liberdade' é uma palavra moderna, mas em linguagem búdica, que vem desde a Antiguidade, seria 'guedatsu' (emancipação).

O oposto de 'guedatsu' é chamado 'impedimento', 'obstinação' ou 'apego', e refere-se ao ato de fanatizar-se, prender-se a alguma coisa e tornar-se aprisionado por ela. Quando se fanatiza e se prende a algo, a pessoa já deixa de ser livre, entra em conflito com tudo que a cerca e nada se resolve com facilidade. Alcançando o 'guedatsu' (emancipação), isto é, desfazendo a obstinação, a 'Vida' dessa pessoa se torna verdadeiramente livre; e essa verdadeira libertação da 'Vida' contida no próprio homem chama-se salvação.

Ainda que uma pessoa seja colocada dentro de um palácio luxuoso denominado Céu ou Paraíso, se na Vida dessa pessoa houver algum aprisionamento, por mais que o ambiente seja ótimo, ela sofre afobando-se e irritando-se; em última análise, não está salva.

E, como o fundador de cada religião elaborou sua respectiva doutrina com o intuito de dar liberdade a essa 'Vida' do homem, qualquer que seja a religião à qual a pessoa se filie, se essa pessoa se aprofundar em sua essência, conquistará a 'liberdade' da Vida' - isto é, será realmente salva. Porém, acontece que, surgindo uma, duas, várias pessoas que vão se salvando por meio dessa religião, na maioria dos casos tende a nascer um preconceito de que, se não for através dessa religião, não se salvará.

Por exemplo, enquanto os cristãos apregoam veementemente que 'se não for pelo cristianismo não haverá salvação', frequentemente seus vizinhos monges budistas, trajando túnicas (kessa), replicam: 'Se não for pelo budismo, o homem não será salvo'.

Nessas ocasiões, se perguntarmos ao pregador do cristianismo que está falando mal do budismo 'Até que ponto você estudou sobre o budismo?', ele ficará embaraçado e não conseguirá responder.


Fonte: A Verdade da Vida, volume 5


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